segunda-feira, 11 de outubro de 2010

CINEMA – TROPA DE ELITE 2 [O filme]

Minha sensação ao sair do cinema após assistir a Tropa de Elite (1) em 2007 foi de total atordoamento. Sentimento semelhante ao que você teria se descobrisse que sua esposa ou seu melhor amigo esteve traindo ou roubando você, fazendo você de trouxa, pelos últimos 10 anos. E, pior, não se arrependem nem um pouco disso!

Mas, muita calma nesta hora... eu não sou masoquista, nem gostaria que minha mulher me traísse ou que meu melhor amigo me roubasse, mas se um e outro fizessem isso, eu preferia saber, pois só sabendo eu poderia deixar de ser um corno manso ou um topeira.

Minha expectativa pela chegada de Tropa de Elite 2 era: quem mais está me traindo e eu não sei?! Por mais que doa, eu quero saber.

Desta vez, armado de toda cautela, policiais e câmeras, o cineasta e diretor de Tropa 2, José Padilha, garantiu que o filme não vazasse – e não vazou. O filme, enquanto filme, é cuidadosamente bem feito. O roteiro é impecável, a atuação dos atores e figurantes é exemplar, a trilha sonora é perfeita. Afastado do Bope e separado da esposa, o Capitão Nascimento (protagonizado por Wagner Moura – em mais uma atuação primorosa) vai trabalhar na inteligência da secretaria de segurança do Rio. Ele está mais velho e mais maduro – e um pouco menos estressado – mas continua macho o suficiente para encarar quem tiver de ser encarado para defender (seja do jeito certo ou errado) seus ideais. Os acontecimentos de Tropa de Elite 2 ocorrem no tempo presente, portanto o tempo decorrido na trama de Tropa 1 e Tropa 2 é de 13 anos, pois Tropa 1 ocorre antes da visita do Papa João Paulo ao Brasil em 1997.

O filme é pesado, bruto e violento. A linguagem é chula. Não há tempo pra romance, nem para o deslumbre de paisagens paradisíacas do Rio de Janeiro. Tropa de Elite 2 é um filme político e absolutamente realista. Enquanto filme ele nos enche de orgulho por usar uma linguagem e realidade totalmente brasileiras e conseguir nos chocar o tanto quanto precisamos para acordar para a realidade desgraçante que nos rodeia, porém sem apelar ou forçar a barra por um instante sequer. Há até doses de humor, inseridas com precisão cirúrgica na narrativa, que servem de alívio momentâneo até que Padilha nos atinja com a próxima pancada.

Sugiro que você assista. Que você corra pro cinema mais próximo e não deixe de ver o filme. Compre seu ingresso antes. Se for ao Cinemark, use os quiosques de auto-atendimento para pagamento com cartão. Mas assista! E se por acaso não conseguir acompanhar toda a narrativa do filme, assista de novo. E, se como eu, chegar ao cinema às 18h, mas só conseguir ingresso para 23h45, compre mesmo assim, volte pra casa, alimente-se e volte. Você precisará de forças!

Agora vamos falar do que realmente interessa: a realidade que o filme retrata (continue a leitura no artigo abaixo).

Um comentário: