sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Cinema: COMER, REZAR, AMAR


Após um cochilo devido ao sono irresistível durante o JN, acordei todo torto no sofá. Enquanto o cérebro tentava dar comandos ao meu corpo para que este se levantasse, pensei: vou ao cinema! Saí voando para pegar a sessão das 22h10 no cinema mais próximo e, apesar das recomendações contrárias de um amigo que leu o livro (ou melhor, leu menos da metade dele) e detestou, fui ver a Julia Roberts em Comer, Rezar, Amar (Eat, Pray, Love – EUA, 2010).

Ao comprar o ingresso, fiz minha pergunta clássica: “A que horas termina o filme?” E, para meu assombro, a moça respondeu: “Quinze pra uma!”. Entenderam? O filme terminaria à 0h45! Quase desisti! Mas como já estava lá, dirigi-me resoluto à sala escura e sentei-me num lugar que não era o que eu havia comprado! Ah, se alguém viesse eu me levantaria humildemente reconhecendo minha atitude indevida (mas ninguém veio reclamar o seu lugar na fileira M. Ou era N?!). Não importa! Após quase 20 minutos de comerciais e trailers começa o filme. “Será que eu não deveria ter ficado em casa” – pensava. “Como é que eu vou aguentar quase três horas se o filme for um porre?!”

Eu não li o livro. Fui pro cinema apenas com o comentário de quem não queria vê-lo por nada deste mundo, portanto, fui esperando pelo pior. E o resultado final foi satisfatório, para um fim de noite de quinta! A Julia protagoniza a escritora norte-americana Elizabeth Gilbert, que após um divórcio difícil decide sair pelo mundo num ano sabático a procura de si mesma. Apesar dos inevitáveis clichês americanos e de uma história um tanto previsível, o filme vale pelas viagens à Itália, Índia e Indonésia. Em busca pelo resgate do prazer e sentido das pequenas coisas, Liz nos leva a cenas de dar água na boca com os pratos suculentos de comida italiana e ao seu deleite com a sonoridade da língua. Esta é a parte do “comer”. Intrigante o momento em que tenta definir as cidades com uma só palavra e, depois, tenta se definir com uma só palavra. Como você se definiria em uma só palavra?!

De barriga cheia, ela vai para a Índia, onde tem sua busca pela espiritualidade. Ali, defronta-se com as angústias da sua alma e sua busca por Deus. Busca esta iniciada na primeira oração de sua vida (logo no início do filme) quando se encontra sem saber o que fazer com seu casamento. Enquanto busca o contato com o Transcendente, ela vai percebendo seus erros, culpas e tem um encontro muito interessante com outro americano que perdera tudo e tentava ansiosamente perdoar-se. Esta é a parte do “rezar”. O que o/a impede de seguir adiante? Em que lugar Deus está no mover louco da sua vida?

Toda espiritualizada, ela chega a Bali, na Indonésia. Lá, encontra um guru simpático e desdentado que lhe ajuda com conselhos simples e sábios. Mostra-lhe a importância de uma vida equilibrada e como uma certa dose de desequilíbrio é importante para manter-se sadiamente equilibrada. Conhece Felipe, um brasileiro (ahahaha – Javier Bardem, ator espanhol (de “Onde os fracos não têm vez”), que tenta falar “portuguêissshh” com saque carioca – “mermão, super sinisshhhtro!”). Você sabia que no Brasil, pais e filhos costumam se cumprimentar com um selinho? É!! Com uma bicoca na boca?! Pois é, estou ainda tentando entender de onde foi que o diretor do filme tirou essa idéia de jerico. Em Bali você vai ouvir bossa nova cantada em legítimo português! Esta é a parte do “amar”. O que seria para você, viver uma vida equilibrada?

Se você for assistir e não gostar de quase nada, garanto que de duas coisas você vai gostar: do sorriso bangela do Ketut (o guru indonésio) e dos suculentos pratos de massa italiana. Ah, e tem outra coisa de que você vai gostar. Uma dica preciosa da cultura italiana: Il dolce far niente!

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